sábado, 24 de outubro de 2009

Estudo da USP indica que o sangue do cordão umbilical e o cordão propriamente dito têm células diferentes



Pesquisa Fapesp - O cordão umbilical é rico em células-tronco, mas elas não são todas iguais. Mayana Zatz, do Centro de Estudos do Genoma Humano da Universidade de São Paulo (USP), acaba de mostrar que as células-tronco presentes no sangue do cordão umbilical e no cordão propriamente dito têm um perfil genético diferente, o que pode ter consequências importantes para o uso terapêutico dessas células.
Para fazer um retrato genético de cada um dos tecidos, o grupo do Centro de Estudos do Genoma Humano se associou ao de Sergio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da USP. Mariane Secco e Eder Zucconi, doutorandos no laboratório de Mayana, e Yuri Moreira, do grupo de Verjovski, usaram a técnica de microarranjo de DNA para olhar 40 mil genes ao mesmo tempo e detectar quais estão mais ativos nas células-tronco mesenquimais extraídas do sangue de cordão umbilical e nas do cordão propriamente dito. “Usamos amostras pareadas, o que nos permitia comparar sangue e cordão do mesmo indivíduo”, conta Mariane, que se surpreendeu ao ver que as diferenças genéticas eram maiores entre células extraídas de fontes diferentes do que de pessoas diferentes.
O grupo observou que o  conjunto de genes ativos difere nos dois tecidos. Nas retiradas do sangue, estão mais ativos os genes ligados à fabricação de células ósseas do sistema imunológico. Já nas células do cordão umbilical, estão mais ativos os genes responsáveis por produzir neurônios e vasos sanguíneos. “Esse padrão de expressão sugere que as células podem ser usadas em contextos diferentes”, diz Verjovski. A assinatura genética das células pode indicar que elas já começaram a tomar o rumo de se transformarem em um tipo específico de tecido – osso ou neurônio, por exemplo – mas esse rumo não está necessariamente determinado. “Os genes indicam uma possibilidade maior de dar origem a determinados tecidos”, ressalta o pesquisador. Mariane já está fazendo testes para avaliar se as células-tronco estudadas realmente têm propensão maior a se diferenciar em tipos específicos de células.
Em 2008, o grupo de Mayana já havia mostrado que o cordão umbilical é muito mais rico em células-tronco do que o sangue do cordão (leia reportagem no site de Pesquisa FAPESP). “Precisamos de mais de 60 cordões umbilicais para encontrar células-tronco suficientes no sangue do cordão para fazer a comparação genética”, conta Mariane. O trabalho mais recente, que acaba de ser aceito para publicação na revista científica Stem Cells Reviews and Reports, reforça o que Mayana já vinha sugerindo: bancos especializados deveriam mudar o procedimento de armazenar apenas o sangue e descartar o cordão umbilical. A pesquisadora diz que o ideal seria guardar ambos.
Fonte: Revista Pesquisa Fapesp

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